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Pais, vocês se lembram que foram filhos?

Por Juliana Brandileone
Eu não lembro da minha mãe ter o habito de perguntar a nós, seus filhos, se sabiamos o quanto ela nos amava. Simplesmente sabíamos. Isso acontecia também com os pais das minhas amigas e amigos. Hoje em dia parece que os pais são mais inseguros, tem medo de errar nos castigos, broncas e serem confundidos em seu amor.
Ao contrário do que vemos hoje, nós enquanto filhos tínhamos muito mais deveres do que direitos. Muito menos acesso a diversões mirabolantes do que a estudos em grupo. A farra era ser inserido naquela tarde no shopping e não no grupo de Whatsapp. A gente se olhava mais…
Na escola, pelos professores, tínhamos respeito. Não, não éramos santos… muito longe disso, mas brincávamos e ao mesmo tempo respeitávamos, ou pelo menos, temíamos as consequências do desrespeito as regras dos nossos pais.Ter os pais chamados na escola era tão diferente de hoje em dia…
Na minha época, há mais de 35 anos atrás, quando um pai ou mãe eram chamados na escola, os pais ouviam o professor e o diretor da atentamente buscando a melhor solução para o filho. Até os pais respeitavam os professores, acreditem vocês ou não. Hoje em dia, o professor tem medo do aluno, tem receio dos pais e não se sentem respeitados, apenas vigiados por constantes questionamentos sobre a quantidade de lição de casa, de matéria, de pesquisa, de informação.
Acreditem… Nessa época, não havia internet, smartphone, spotify, tablets, celulares conectados à relógios… Nada. Tínhamos sim bibliotecas, Barsa, jornais impressos, revista Manchete e depois de algum tempo a Veja.
As notícias chegavam muito mais lentamente e dificilmente sabíamos a opinião de alguém a não ser que telefonassemos ou nos encontrassemos em algum lugar. O Whatsapp da época eram as fofoqueiras de plantão.
Tínhamos menos pressa do mundo, vivíamos um dia de cada vez ou no máximo éramos guiados pelo horóscopo do dia no rádio ou jornal. Aliás, quem não lembra das traduções simultâneas na radio cidade nos programas noturnos? A gente corria para anotar… Gravava numa fita cassete as melhores músicas e ficava puto quando uma vinheta ou o locutor entrava no meio falando…aff que ódio que dava.
Existiam brincadeiras saudáveis… Primeiro as obrigações e depois rua…sim, podíamos brincar na rua de taco, bola, vôlei com rede estendida de poste a poste que paravamos e levantavamos a rede a cada carro que passava… Sim, até isso era respeitado.
Tinha brincadeira de queimada, pic bandeira, Polícia e ladrão, beijo,abraço e aperto de mão, tinha troca de papel de carta e batida de figurinha! Tinha vida…
E as matinês? Os bailinhos da vassoura na garagem? Não, vocês não tem ideia do valor disso. Os discos eram os das músicas internacionais e nacionais das novelas…sucesso! Fechavamos os olhos quando a vassoura se aproximava para ver se despistava o corta momento.
Para paquerar alguém, se descobria onde morava e passava na frente a pé (super discreto). Quando conhecia, levava um amigo ou amiga vela para ajudar a disfarçar o interesse.
Foi um tempo bom demais… Tenho saudade.
Hoje, vivemos com medo de tudo, de todos. Naquele tempo, só tínhamos medo da loira do banheiro, do homem do saco e da mãe da gente!
A ansiedade foi tomando conta do tempo, das pessoas. Hoje temos pais que dizem em alto e bom som: eu passei por tal coisa na vida mas não filho não vai passar…, meu filho vai ter tudo o que não tive… Esquecem só de uma coisa: limite. Por acaso você se tornou uma pessoa ruim pelos nãos que a vida te deu ou se tornou uma pessoa forte e guerreira para ir atrás dos seus sonhos? Eu hein…
Limite é algo que se entende na prática. O limite vem depois do: eu disse que você ia se machucar!! O limite foi o que na sua infância fez você distinguir o que era bom e ruim, o que machucava você e o outro! Se ninguém entendia, ia todo mundo pra diretoria…sem distinção! Ralar o joelho faz bem… Perder faz bem… Se frustrar faz bem. Hoje em dia nem merthiolate arde mais, quem dirá o puxão de orelha dado por pais que não conseguem deixar um filho de castigo. Hoje tem até música dizendo que joelho ralado dói bem menos que coração partido… e é verdade.
Temos que parar com essa hipocrisia de dizer que temos medo do mundo que vamos deixar para nossos filhos, e começarmos a formar os filhos que vamos deixar para o mundo. Isso sim devemos temer… os filhos que estamos deixando pro mundo. Muitas vezes protegidos demais, mimados demais, sem limites demais. A criança mimada, vira um adulto sem limites e consequências.
Não é o Bônus que faz crescer, é o Ônus. Ele te permite reavaliar erros e acertos para caminhar melhor a sua jornada.
Não vivam a vida de seus filhos… A descoberta faz parte. Converse! Isso impede que alguém o faça por você. Toque, abrace, olhe nos olhos!! Enxergar nesse momento é diferente de ver.
Você aprontou, eu aprontei … Fomos corrigidos e crescemos. Vamos fazer o mesmo por nossos filhos…
As crianças de hoje e sempre, não precisam de PAZ e sim de PAIS!
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Este texto é autoral, e pertence a Juliana Brandileone. Caso desejar reproduzi-lo cite a fonte e a avise.

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